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Peixes de Aquário

É quase impossível de se perceber que, em muitos momentos de nossas vidas, nos encontramos fisgados ou mergulhados em um sistema dominador e alienante, que influencia e altera nossas ações, sentimentos e pensamentos, como se perdêssemos nossa própria opinião, individualidade e, inclusive, nossa personalidade.


Vamos pegar o exemplo dos peixes marinhos. Eles vivem e respiram dentro da água, se alimentam, se reproduzem, morrem e não conhecem nenhuma outra realidade ou possibilidade diferente desta. Eles simplesmente vivem, cumprem e obedecem às leis naturais que os regem e sequer podem questionar sobre elas.


Os peixes de cada espécie vivem com seus semelhantes, realizam os mesmos rituais, apresentam as mesmas características físicas, anatômicas e comportamentais. São programados para cumprirem exatamente o mesmo papel, sem questionar, sem alterar e sem fugir da regra. Estão na base da cadeia alimentar e também são presas de outras espécies, tanto marinhos quanto terrestres, além de serem uma das principais fontes de proteína da nossa alimentação. Com anzóis, redes, barcos pesqueiros, traineiras e navios, invadimos o seu habitat e capturamos centenas de milhares de toneladas diariamente. Quando se trata de alimentação, esses detalhes passam despercebidos, não possuem relevância.


Diferentemente dos peixes, os humanos vivem em terra e respiram o ar da atmosfera, se alimentam, reproduzem e morrem também. Entretanto, possuem uma habilidade que os diferenciam completamente de todos os seres.  A capacidade de pensar, questionar e escolher diferentes formas de interpretar e operar a vida e o meio em que vivem.

Contraditoriamente, existem elementos que os tornam muito semelhantes e, um dele é que morremos pela boca, pela qualidade e quantidade do que comemos. Isso é quase uma ironia.


Humanos tentam viver com seus semelhantes, apesar do eterno conflito que persiste desde os primórdios entre os povos. Apresentam estruturas cerebrais especializadas que os permitem criar novas realidades, sentimentos, solucionar problemas e até mesmo consumir seus recursos naturais de forma (in)sustentável.  Por não possuírem predadores, tornaram-se presas de sua própria espécie, presos em pequenos espaços privados à mercê da sorte.  Pode-se dizer que também foram fisgados pelos anzóis da mídia, capturados pelas redes virtuais, pelos navios do poder público corrupto e ineficiente, e, principalmente, influenciados por maquiavélicos manipuladores de opinião.


Bilhões de indivíduos são escravizados e explorados por esse sistema que, constantemente altera e subverte os padrões comportamentais, simplesmente por algum interesse ou vantagem. Extingue o poder de escolha, a capacidade de reflexão e a própria força de vontade, nos tratando como verdadeiros peixes de aquário.

Muitos vivem nesse aquário e nem sabem que estão nele, não conhecem outra forma de vida, de expressão, de possibilidade. No fim, nos parecemos mesmo com os peixes, mas, no meu entendimento, eles ainda estão em vantagem.